Fazendo contas rápidas, em 36 anos de vida fumei durante 18 anos, um empate técnico que resolvi quebrar em Dezembro de 2007, uma decisão que nada teve a ver com a nova Lei do Tabaco, antes uma decisão que já vinha a ponderar há uns anos mas que por vicissitudes várias – leia-se tive mais que fazer – fui adiando. Estou prestes a comemorar um mês sem cigarros e durante este tempo já aqui escrevi algumas palermices sobre a nova Lei. Não sou fundamentalista, quem me conhece sabe que sempre respeitei os não fumadores, mas não entrando em ideias idiotas de fazer comparações imbecis entre o que temos e o fascismo, digo apenas que se houve coisa em que esta Lei foi pródiga terá sido na criação definitiva de duas facções. Das duas uma, ou o tabaco é considerado uma droga, e é proibido como tal, acabando assim a magnífica percentagem que o Estado vai buscar a cada maço dos malditos, e em definitivo se toma uma decisão séria sobre o assunto; ou então tenham paciência, e reparem que esse grande modelo de democracia chamado Estados Unidos da América, onde todos os iluminados europeus foram beber a ideia, é também um dos países que continua a ter a pena de morte, que todos os anos consta dos países que estão na lista da Amnistia Internacional pela violação de direitos humanos, onde milhões de pessoas não têm acesso a um serviço nacional de saúde digno.
Deixei de fumar porque o meu trabalho e a quantidade de cigarros que consumia diariamente me estavam fazer definhar, e se não posso deixar de trabalhar posso deixar de fumar. E foi o que fiz, abdiquei pura e simplesmente, repeti vezes sem conta “Não fumarás” quando a ideia de fumar um cigarro me atravessava o espírito, repeti esta ordem mental vezes sem conta durante cerca de uma semana, e depois deixei de ter de a dar. Neste momento, um mês depois de ter deixado de fumar, eu não posso afirmar se algum dia voltarei a fumar, eu não me ausento de espaços em que alguém esteja a fumar, eu respeito fumadores e não fumadores como sempre o fiz e fui educado a fazer.
Num Portugal que tem tanta pressa neste momento em proibir, em educar pela força, em fazer gráficos de aproveitamento para funcionários públicos, o próximo ministro da Saúde – que não acredito seja ainda Correia de Campos – ou o próprio José Sócrates, vão certamente fazer um festim quando apresentarem números sobre a redução do número de fumadores no nosso país, e podem ter a certeza que esses números serão apresentados porque serão importantes, porque esses números só terão em conta o tabaco vendido no nosso país, porque não dirá quantos portugueses foram comprar tabaco a outros sítios – à Internet por exemplo.
Sempre acreditei que Portugal era um país tolerante, e acredito que volte a ser um dia, não acredito em leis que se fazem assim, onde o mesmo país que nos esmifra até à morte nos impostos, na saúde e até no livre arbítrio, quer-nos vivos mais tempo para nos poder esmifrar mais um pouco.
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1 comentário:
No Brasil a lei de fumo em lugares fechados foi introduzida faz tempo, graças a Deus e atualmente ninguém estranha mais. Pra voces é um choque, mas com o passar do tempo vão acostumar. Por mim proibia tudo mesmo... é droga como o alcool e outros ilícitos, mas é atitude muito agressiva.
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