segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Faixa 26 (macário correia dixit)

Fazendo contas rápidas, em 36 anos de vida fumei durante 18 anos, um empate técnico que resolvi quebrar em Dezembro de 2007, uma decisão que nada teve a ver com a nova Lei do Tabaco, antes uma decisão que já vinha a ponderar há uns anos mas que por vicissitudes várias – leia-se tive mais que fazer – fui adiando. Estou prestes a comemorar um mês sem cigarros e durante este tempo já aqui escrevi algumas palermices sobre a nova Lei. Não sou fundamentalista, quem me conhece sabe que sempre respeitei os não fumadores, mas não entrando em ideias idiotas de fazer comparações imbecis entre o que temos e o fascismo, digo apenas que se houve coisa em que esta Lei foi pródiga terá sido na criação definitiva de duas facções. Das duas uma, ou o tabaco é considerado uma droga, e é proibido como tal, acabando assim a magnífica percentagem que o Estado vai buscar a cada maço dos malditos, e em definitivo se toma uma decisão séria sobre o assunto; ou então tenham paciência, e reparem que esse grande modelo de democracia chamado Estados Unidos da América, onde todos os iluminados europeus foram beber a ideia, é também um dos países que continua a ter a pena de morte, que todos os anos consta dos países que estão na lista da Amnistia Internacional pela violação de direitos humanos, onde milhões de pessoas não têm acesso a um serviço nacional de saúde digno.
Deixei de fumar porque o meu trabalho e a quantidade de cigarros que consumia diariamente me estavam fazer definhar, e se não posso deixar de trabalhar posso deixar de fumar. E foi o que fiz, abdiquei pura e simplesmente, repeti vezes sem conta “Não fumarás” quando a ideia de fumar um cigarro me atravessava o espírito, repeti esta ordem mental vezes sem conta durante cerca de uma semana, e depois deixei de ter de a dar. Neste momento, um mês depois de ter deixado de fumar, eu não posso afirmar se algum dia voltarei a fumar, eu não me ausento de espaços em que alguém esteja a fumar, eu respeito fumadores e não fumadores como sempre o fiz e fui educado a fazer.
Num Portugal que tem tanta pressa neste momento em proibir, em educar pela força, em fazer gráficos de aproveitamento para funcionários públicos, o próximo ministro da Saúde – que não acredito seja ainda Correia de Campos – ou o próprio José Sócrates, vão certamente fazer um festim quando apresentarem números sobre a redução do número de fumadores no nosso país, e podem ter a certeza que esses números serão apresentados porque serão importantes, porque esses números só terão em conta o tabaco vendido no nosso país, porque não dirá quantos portugueses foram comprar tabaco a outros sítios – à Internet por exemplo.
Sempre acreditei que Portugal era um país tolerante, e acredito que volte a ser um dia, não acredito em leis que se fazem assim, onde o mesmo país que nos esmifra até à morte nos impostos, na saúde e até no livre arbítrio, quer-nos vivos mais tempo para nos poder esmifrar mais um pouco.

1 comentário:

Ulisses disse...

No Brasil a lei de fumo em lugares fechados foi introduzida faz tempo, graças a Deus e atualmente ninguém estranha mais. Pra voces é um choque, mas com o passar do tempo vão acostumar. Por mim proibia tudo mesmo... é droga como o alcool e outros ilícitos, mas é atitude muito agressiva.