segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Faixa 30 (metal heart)

Ando há 29 faixas a pensar quando será a altura certa para falar de uma banda que não marcou propriamente uma geração, é desconhecida para a maior parte das pessoas, metaleiros incluídos, pimbas e betinhos certamente: os Accept.
Nascidos no final dos anos 70 do século passado na Alemanha, com o suporte de Udo Dirkschneider – na sua loucura em palco – e sobretudo na arte de Wolf Hoffmann, guitarrista de eleição que tratou, em 1985, de provar que a linha que separava o heavy metal e a música clássica era muito, muito fina. Metal Heart chegou-me às mãos no formato de um disco de vinil gravado ao vivo chamado Kayzoku-Ban em 1986, um ano depois do original Metal Heart ter sido editado. O que hoje pode parecer uma lamechice pegada não o era na altura, aliás não conheço ninguém que tenha ouvido a abertura da música inspirada na obra de Tchaikovsky… e de um solo de guitarra agarrando, virando do avesso e melhorando – dependendo do ponto de vista – a obra de Beethoven, Für Elise, sem se arrepiar.
Esta será sempre a minha música de eleição, com a vantagem de, a única versão cópia/versão de jeito desta música ter sido gravada em 1998 pelos nórdicos Dimmu Borgir, um Metal Heart versão black metal que mantém a originalidade conseguida em 1985 pelos Accept.
Vem isto a talho de foice porque o Pedro Olavo Simões apanhou – e bem – uma troca de galhardetes simpáticos – verdadeiramente - entre mim e o André Carvalho, em causa estava uma versão inenarrável e muito, muito moderna de Jump, dos Van Halen, com um David Lee Roth irreconhecível, um tanto ou quanto atarantado até – obrigado Azeitonas – para não dizer outras coisas, talvez ofensivas, sobre o assunto.
Razão tinha o Udo quando um dia disse, respondendo à pergunta: “os Accept vão fazer novas músicas em conjunto?”, usou um rotundo “não!” explicando que sabia que as pessoas queriam um novo disco dos Accept mas que “isso seria um problema porque compor novas músicas juntos seria um desastre. Se seguíssemos esse caminho iríamos destruir mais do que poderíamos criar”.
David Lee Roth não criou nada de novo mas lá que destruiu a imagem utópica que uma geração inteira tinha de uma música, isso já ninguém lhe tira.



P.S. Os Accept não fazem nada de novo desde 1996, nem sequer versões cor-de-rosa de Fast As a Shark, felizmente.

1 comentário:

Ulisses disse...

Excelente banda, e a voz de Udo é realmente única. Ele esteve no Brasil há pouco tempo em carreira solo. Melhor assim. Mas que dá uma nostalgia, isso dá.