segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Faixa 57 (liberdade, essa palavra maravilhosa)

Por razões mais ou menos obscuras os últimos dias têm sido férteis em desenvolvimentos sobre o caso das manifestações espontâneas. Sobretudo ao nível dos blogues: contam-se armas, grita-se pela ilegalidade das referidas, grita-se pelo direito à indignação, acusa-se os professores de serem uns calões que nada querem fazer, acusa-se o Governo de um autoritarismo digno de outros tempos, os da Velha Senhora. No meio de tudo isto está um muro, uma linha muito fina, tão fina que impede que alguém fique no meio-termo. O espaço do meio-termo era precisamente o espaço ocupado pela liberdade de exprimir ideias, de discuti-las, de gritá-las até. Agora, de um lado está a autoridade, do outro os arruaceiros, os malandros que só existem para gritar búúú e chatear o nosso primeiro, gente reles que não percebe o tremendo esforço de construção que o País está a enfrentar pela mão dos abnegados e heróicos governantes.
O actual Governo já demonstrou, por várias vezes, que lida mal com a liberdade de expressão e de manifestação de ideias, se bem me lembro só os governos de Cavaco Silva tinham este mesmo problema tão agudo. Mais recado menos recado, a verdade é que temos um país feito à imagem dos seus líderes, um país onde ser bufo dá créditos, um país que José Sócrates sonhou ser uma maravilha numa entrevista à SIC, um país onde, um destes dias, até para se estar numa paragem de autocarro com mais vinte pessoas poderá ser obrigatória a identificação pelas autoridades, não vá o diabo tecê-las.

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