quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Prelúdio

Enquanto tipo que vai para velho lembrei-me há uns tempos da minha idade da inocência, uma geração pré-Rasca, que nasceu pouco antes da Revolução dos Cravos, que usufruiu da liberdade conquistada sem ter grandes recordações do "antes", do "botas", "do tempo da velha senhora".
Em tempo de liberdade absoluta - pelo menos assim o pensava - a liberdade de ouvir e descobrir sonoridades foi um dado adquirido. Ao lado dos Beatles, de Zeca Afonso, Manuel Freire ou José Mário Branco, descobria no início dos anos 80 do século passado o Heavy Metal, o Hard FM, o Glam Rock e afins.
A vida é assim mesmo, as épocas ficam na memória por aquilo que foram. Não há muito tempo discutia com um bloguer uma ideia, a de fazer um blogue onde fosse buscar as histórias, as capas de discos, as músicas que marcaram um determinado período da minha existência, depois de meia-dúzia de capas e músicas cheguei a duas conclusões: "Credo, que esta gente vestia-se com couro do pior" e "foi divertido", ou pelo menos há 25 anos era.
Para abrir esta contenda só poderia chamar à liça o meu início de descoberta. Em 1983 um amigo de um irmão lembrou-se de me meter a ouvir "o som do diabo", saído em 1980 o albúm dos Judas Priest, "British Steel" era uma amostra viciante daquilo que era um novo mundo, Rob Halford comandava um grupo de tropas metaleiras que estava dentro da nova onda do rock pesado vindo das terras de Sua Majestade. Ao som de Metal Gods descobri o gosto pela coisa, mas demorou um pouco mais a oportunidade de comprar um disco dos ditos - por esta altura a cassete era rainha e nas feiras mandava a Tonicha e o Marco Paulo (...pois).
Recordações da época: a cassete do Ob-la-di Ob-la-da dos Beatles tinha um gajo sentado numa daquelas motas americanas na capa (cassete pirata de feira e está tudo dito), todos os anos eram editados Polystar e Jackpot, vinis que traziam as últimas das últimas dos sucessos do momento - tenham em consideração que o E-Mule era nem sequer uma miragem, aliás, os computadores pessoais eram uma miragem com os Spectrum 48k a darem os primeiros passos, e que quem podia se dirigia à sua igreja mãe, leia-se Bimotor, nos Restauradores, local de culto para quem queria arranjar discos que só cá chegavam por importação e nunca, nunca, a "NICE-PRICE".
Assim começou e logo se vê onde vai acabar.


Cover: Judas Priest - British Steel, 1980

7 comentários:

Leonor disse...

Bem-vindo :-)
Sim, que eu ao contrário de certas pessoas não apareço só em dia de festa ;-)

Sinapse disse...

Ah! acho que vou gostar deste blog!

eduardo jai disse...

"Assim começou e logo se vê onde vai acabar."

E começou muito bem...
Agora é só deixar as pedras rolar.

Como nativo pré-rasquiano que também sou não vou deixar de acompanhar a evolução da idade do metal.

E, como os outros dizem,

Peace Out
:))

fantasma disse...

Que bom mais um bom blog para ler :)

Carlota disse...

Bem-vindo à blogosfera pura e dura!
É que da outra já estavas farto de ouvir falar, não era?... ;)
Beijola da Carlota.

Hélder Franco disse...

Obrigado pelos comentários sinapse, eduardo jai e fantasma... enquanto as pedras vão rolando certamente, espero eu, que a algures conseguirei arranjar qualquer coisa de que gostem :)

André Carvalho disse...

O que eu não entendo mesmo é o subtítulo do blogue. ;)